A Agência Tambor recebeu denúncias de moradores da comunidade quilombola de Bom Descanso, localizada no município maranhense de São João do Sóter.
Eles disseram que estão sofrendo ameaças constantes de pessoas ligadas a empresas de agronegócio na região. A denúncia é de que houve invasão do território, com tratores, correntão e homens armados.
Essa região é marcada por violência contra comunidades tradicionais. Bom Descanso é uma comunidade centenária, vizinha do quilombo Jacarezinho. É a terra de Edvaldo Pereira Rocha, covardemente assassinato, em 2022, por conta de conflito fundiário.
É fato que o governo de extrema-direita, derrotado nas urnas em 2022, aumentou esse tipo de violência. Porém, os extremistas continuam agindo no Brasil, especialmente no Maranhão, onde o agronegócio criminoso avançou nos últimos anos.
Para falar sobre essa denúncia, o Jornal Tambor de segunda-feira (07/08) entrevistou um morador da comunidade Bom Descanso.
(Veja, ao final deste texto, a íntegra do Jornal Tambor, com a entrevista completa do morador de Bom Descanso)
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Segundo o relato do morador, as ameaças contra a comunidade se intensificaram em abril deste ano. Neste período, os invasores começaram a desmatar o território e cercar as terras com arame.
O trabalhador rural informou que as ameaças prejudicam os roçados de dezenas de famílias que vivem hoje no território, plantando mandioca, milho, arroz e maxixe, além da coleta de coco babaçu.
O morador afirmou que as famílias, entre outras questões, “estão com medo deles acabarem com as plantações em seus quintais”.
Por razões óbvias, existe um enorme ambiente de insegurança na região. E os trabalhadores rurais do Maranhão, via de regra, desconfiam da segurança pública.
Neste caso específico de São João do Soter, relativo a Bom Descanso, a denúncia da comunidade é de que eles “já foram humilhados”, tentando fazer Boletim de Ocorrência.
De acordo com ele, a situação já foi denunciada na Secretaria dos Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP), na Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (Coecv) e na Promotoria de Justiça Agrária.
O caso vem sendo acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Defensoria Pública Agrária.
Ao final da sua fala, o entrevistado fez um apelo as autoridades estaduais e federais, para que solucione de vez essas ameaças no território de Bom Descanso.
Palavra do poder público
Entramos em contato com representante do governo do Maranhão. Recebemos informações oriundas da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP) e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais.
A SEDIHPOP informou que “segue acompanhando o caso da Comunidade Quilombola Bom Descanso, em São João do Sóter, através da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no Campo e na Cidade (COECV) e pela secretaria adjunta de Povos e Comunidades Tradicionais e adotando as tratativas necessárias à questão.” A Secretaria de Meio Ambiente também sinalizou que está informada sobre as denúncias e que pretende “providenciar as medidas cabíveis”.
(Confira abaixo a edição do Jornal Tambor, com a entrevista completa do morador de Bom Descanso)