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EDITORIAL – Jornal Vias de Fato: O Maranhão e a liberdade de expressão no Brasil

O recente caso de censura prévia, oriundo do Supremo Tribunal Federal (STF), mexe com um tema que é muito sensível a todos nós que atuamos no Vias de Fato. Somos do Maranhão! E se no Brasil existe uma cultura reconhecidamente autoritária, de fácil comprovação histórica, em nosso estado esse autoritarismo é exorbitante.

A elite maranhense é a expressão cuspida e escarrada do “quero, posso e mando”.  Para a maioria, política pública é vista como um favor e não como um direito da sociedade e uma obrigação dos governos, numa relação de força, medo e dependência.

No caso maranhense, a falta de participação popular também evidencia o problema. Um exemplo é a revisão do Plano Diretor da cidade de São Luís, a capital do Estado, que em breve será votado pela Câmara Municipal. Sem qualquer exagero, trata-se de um crime contra a cidade e sua população, onde as consequências, entre outras, passarão por falta d’água, poluição, doenças, engarrafamentos, caos urbano, destruição ambiental. É tudo feito num processo tosco, com audiências públicas fajutas, tocado pela gestão do prefeito Edivaldo Holanda Junior (PDT-MA), para atender os interesses de empresários deploráveis, com a participação de agentes do poder público municipal e estadual, este último com integrantes no Conselho da Cidade (CONCID).

Outro exemplo recente, que também podemos citar, vem dos famosos Lençóis Maranhenses, sobre o qual o senador Roberto Rocha (PSDB-MA) apresentou, no ano passado, também sem qualquer debate público, um projeto de lei que prejudicará milhares de pessoas que vivem em comunidades tradicionais, abrindo a possibilidade para os infindáveis crimes ambientais que rotineiramente ocorrem por aqui. E sempre para atender os interesses de empresários, predadores; amparados pelo tal do “quero, posso e mando”.

Não foi à toa que no século XX, nenhum outro estado brasileiro teve dois oligarcas tão poderosos quanto os senadores Vitorino Freire e José Sarney, este último posando para o Brasil de “poeta da liberdade”. Os dois comandaram a estrutura oligárquica maranhense por conta de um ambiente favorável, onde o medo e a bajulação – associada a uma pobreza material e política – fazem parte dessa mesma cultura arbitrária.

Neste ano de 2019, o Jornal Vias de Fato fará 10 anos. Hoje; com a extrema direita perigosamente instalada no governo federal; nós estamos aquilombados na Agência Tambor, arcando com a mesma responsabilidade de provocar a opinião pública, estimulando a crítica e a participação política dos marginalizados; sempre insubmissos ao despudor de todos aqueles que fazem um mau uso de sua “autoridade”.

Se alguns acreditam que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, deixamos então bem claro que nós somos todos “desajuizados”.

Censura? Cabresto? Nem a pau, doutor!

 

FONTE: Jornal Vias de Fato

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