Por Giovana kury
30/06/2021
Na manhã desta quarta (30), estudantes foram ao instituto pressionar o conselho que decidiria se o professor poderia voltar a dar aulas
Na manhã desta quarta-feira (30), sob pressão de protesto de estudantes, o Conselho Superior (CONSUP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) decidiu manter a demissão do professor Márcio da Silva Vilela, acusado de assédio por uma das alunas. O docente foi demitido em junho de 2020 por conta da denúncia (clique aqui para acessar a portaria no DOU), e o conselho poderia decidir se ele voltaria a dar aulas ou se manteria afastado do instituto.
Professor no Campus Grajaú, em São Raimundo das Mangabeiras, a manutenção da demissão de Márcio aconteceu por decisão unânime do conselho, com 20 votos a favor, contando com o da relatora. O protesto contra a sua possível readmissão ocorreu em frente à Reitoria do IFMA, no Renascença. Além de pressionar o conselho por justiça, o ato teve como objetivo mostrar apoio para alunas que sejam ou possam vir a ser vítimas de assédio. “É para que essas meninas saibam que tem pessoas para apoiá-las. Tem pessoas alí que vão ajudá-las e defendê-las”, afirmou a Diretora de Escolas Técnicas da Ubes, Luiza Coelho.
Apesar da vitória das alunas neste caso, Luiza explica que o caso não é isolado. “Diversas meninas vinham até mim para falar de casos de assédio que sofreram”, conta. “É um processo muito burocrático, por ser um instituto federal. A menina tinha que contar várias vezes o relato, pediam provas concretas porque só o relato não valia, não tinha câmera na sala de aula e não tinha como ter essa prova (…) por conta de toda essa burocracia, muitas meninas acabam não querendo denunciar”, conta.
“Nossa manifestação é, para além de nos solidarizarmos com todas as vítimas de violência sexual dentro do ambiente escolar, mostrarmos que estamos ligadas e que nossa luta é contínua”, compartilhou Camila Pedrosa, do movimento Participa, também presente na manifestação. “Não abaixaremos a cabeça para qualquer que seja a injustiça contra uma mulher”.
Até o momento, o Maranhão Independente aguarda nota oficial solicitada ao IFMA.
O assédio
Segundo relatos de pessoas próximas à vítima, o comportamento abusivo do professor ocorre desde 2015, desde quando a aluna tinha 17 anos e Márcio 41, e chegou a acontecer dentro do instituto, em frente a outras pessoas. Mesmo quando decidiu se afastar, o assédio teria continuado por mensagens de tom ameaçador enviadas pelo professor.
Por ciúmes, o professor teria o costume de afastá-la das pessoas de seu convívio e, em 2016, chegou a forçar a aluna a entrar no seu carro, utilizando-se de pressão psicológica. Após a denúncia, abriu-se um processo administrativo contra o professor, uma vez que sua conduta estaria contrariando o Código de Ética do IFMA (clique para acessar). Mesmo assim, Márcio entrou em contato com a vítima, tentando convencê-la a desistir do processo.
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