Em uma sociedade marcada por imensa desigualdade social e uma brutal concentração de renda, grandes empresas têm licença para matar?
No último dia 7 de março, um incêndio de causas ainda não identificadas aconteceu no Shopping Rio Anil, no bairro da Cohab, em São Luís. O fogo teria iniciado no cinema e após o ocorrido doze vítimas deram entrada em hospitais públicos e privados da capital. Foram declaradas duas mortes, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da Secretaria Municipal da Saúde (Semus).
As famílias das vítimas declaram não estar recebendo o suporte devido pelo Rio Anil Shopping. O estabelecimento teria prometido suporte psicológico, mas o profissional não procurou os lesados e o shopping não manteve contato. As famílias também reivindicam que alguém seja responsabilizado pelo incêndio.
Em informação publicada no site do Ministério Público estadual, o advogado Marco Antônio Silva Costa, que representa a família de Yasmin Campos e é pai de uma vítima que ainda está internada após sofrer queimaduras, declarou que as portas de emergência das salas de cinema não estavam bem identificadas e no momento do incêndio estavam trancadas.
Marco Antônio também disse que o sistema de combate a incêndios não funcionou, segundo matéria no site do Ministério Público do Maranhão (MPMA).
Na manhã da quinta-feira, 15, o MPMA realizou uma reunião com as famílias das vítimas da tragédia. Também participaram do encontro representantes da Defensoria Pública do Estado e da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop).
O Corpo de Bombeiros declarou que uma manutenção estava sendo feita no teto do prédio quando o fogo começou, mas somente a perícia irá definir o causador do fogo.
Caso Mateus
Não é a primeira vez que uma possível falha de grandes empresas causa danos a clientes e empregados. Em dezembro de 2020, prateleiras do Supermercado Mateus caíram, causando a morte de uma funcionária e deixando outros 8 feridos.
O Instituto de Criminalística do Maranhão divulgou que o desastre foi causado por má ancoragem e posicionamento das prateleiras. Após 5 meses, o Grupo Mateus e o Ministério Público firmaram acordo para pagamento de indenização às vítimas. De 8 feridos e uma pessoa morta, apenas 3 foram incluídas na lista para recebimento.
No caso do Mateus, o incidente nunca pôde ser levado a uma sentença da Justiça. Sabe-se que organizações sociais não ficaram satisfeitas com o acordo e existe um novo processo.
E o acordo que foi feito inicialmente via Ministério Público? De quanto foi essa indenização cobrada do Mateus? Ela corresponde ao tamanho da tragédia? Corresponde aos lucros exorbitantes do Mateus? Corresponde a possíveis e graves irresponsabilidades?
Grandes empresas não têm licença para matar. É preciso cobrar punição rigorosa e justa para eventuais culpados.