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Cinema de terreiro revela racismo e hipocrisia

Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
09/07/2021

O curta-metragem maranhense ‘’Iemanjá Pela Última Vez’’, dirigido por Denis Carlos, foi selecionado para o canal de streaming Itaú Cultural Play.

O diretor foi entrevistado no Jornal Tambor desta quarta-feira (8). Em pauta, o curta selecionado pelo Itaú, a história de Denis no cinema e a relação entre o audiovisual e a religiosidade africana.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA

Denis começou a frequentar e a filmar o Terreiro de Mina Fé em Deus, de mãe Elzita, em meados da década de 90.

‘’Eu não tinha a pretensão de filmar pra fazer um filme que fosse estourar, virar um grande sucesso’”

O objetivo era somente registrar o cotidiano do terreiro. No entanto, a partir da influencia do cineasta Murilo Santos, Denis percebeu que era possível transformar o material filmado em histórias.

Surgem daí os filmes ‘’Quem Toma Conta Dá Conta’’, longa que trata do boi encantado do Terreiro Fé em Deus, e o curta-metragem ‘’Iemanjá Pela Última Vez’’

A inspiração para o curta é a história de Karol (Allana Karoline), jovem que um dia sonhou com Iemanjá lhe coroando rainha do mar.

Desde então, Karol se veste de Iemanjá para a festa de Nossa Senhora da Conceição realizada pelo terreiro de Elzita.

Em 2013, Karol contou à Denis que aquele seria o seu último ano saindo vestida de Iemanjá na Festa de Conceição. O cineasta, então, sugeriu que o filme fosse feito. A obra foi lançada em 2017 e já participou de pelo menos 10 festivais, entre eventos nacionais e internacionais.

Iemanjá Pela Ultima Vez entrou no catalogo do Itaú Cultural Play por meio da curadoria do NordesteLab.

Diante da diversidade de plataformas e formatos de exibição de filmes, impulsionada pela internet, Denis deixou claro que para ele, mais do que como, o que interessa é ser visto. Só há uma determinação: as estreias de seus filmes sempre são realizadas no terreiro.

‘’O que mais me interessa é o que as pessoas vão falar no barracão, no terreiro, como elas vão se ver na tela’’ comentou.

Denis também lança seus filmes no formato de DVD. O cineasta ouviu recentemente que ‘’só bandas de forró ainda lançavam DVD’’. Nada ofendido, comemorou: ‘’que massa! Estou tão popular quanto bandas de forró!’’

Perguntado sobre o que mais lhe emociona na relação entre cinema e religiosidade, Denis afirmou que, depois de começar a filmar, percebeu “o quanto a gente é hipócrita e racista pelo fato de não admitir essas práticas que eu filmo como parte do nosso cotidiano’’.

‘’Eu digo que as pessoas devem assistir para ver como isso faz parte da gente, como a mina e a religiosidade afro está presente no nosso cotidiano, ás vezes de forma mais diluída, outras vezes de forma preponderante’’ encerrou.

Veja abaixo, em nosso canal do YouTube, a íntegra do Jornal Tambor, com a entrevista de Denis Carlos

https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ

Ouça abaixo a entrevista com Denis Carlos para o Jornal Tambor, pela plataforma Spotify

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