Giovana Kury
Jornal Vias de Fato
Manifestantes foram às ruas do Centro Histórico de São Luís na tarde desta terça-feira (13) exigindo um posicionamento do governador Flávio Dino em relação ao despejo de famílias da comunidade do Cajueiro e à abordagem violenta da Polícia Militar para reprimir seus últimos protestos. Foi o primeiro ato com foco em denunciar atitudes controversas da atual gestão estatal, representando sinais de desgaste entre os eleitores do pcdebista.
Juntos a diversas entidades civis, como a Defensoria Pública e a Sociedade dos Direitos Humanos, os moradores do Cajueiro começaram a agir desde a manhã desta terça. Após um breve encontro com o Secretário de Direitos Humanos do Maranhão, Francisco Gonçalves, eles se dirigiram ao Sindicato dos Bancários, na Rua do Sol. Por volta das 16h30, partiram em marcha.
Às 17h, o grupo se juntou ao movimento de estudantes contra os cortes do Governo Federal, a Greve Pela Educação, que acontecia simultaneamente no centro de São Luís. Com o contingente maior de apoiadores da causa, os manifestantes foram rumo ao Palácio dos Leões, que seria o ponto final do trajeto.
Haviam oito viaturas e cerca de 15 policiais distribuídos pela praça do Palácio, além de um ônibus trancando o acesso à frente da casa do governador. Tendo em vista a repressão ocorrida naquele mesmo lugar no dia anterior, os manifestantes resolveram permanecer em frente ao Palácio La Ravardière, da prefeitura, e proferiram discursos a favor da comunidade do Cajueiro e contra os excessos da PM.
Os atos em defesa da comunidade em questão ganharam força na segunda-feira (12), quando dezenas de militares chegaram à comunidade do Cajueiro, próxima à Vila Maranhão, para cumprir um pedido de reintegração de posse para a construção de um porto privado no terreno. Apesar da resistência das famílias, 22 casas foram demolidas e diversos moradores sofreram com bombas de gás e spray de pimenta, inclusive uma mulher grávida.
A violência se repetiu na noite do mesmo dia, durante o acampamento de cerca de 30 moradores da comunidade em frente ao Palácio dos Leões. Mesmo com crianças e idosos no grupo, o Batalhão de Choque os dispersou do local fazendo uso de bombas de gás, balas de borracha e mais detenções sem motivos claros. O Secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, estava presente na ocasião.
“Estamos lutando há muitos anos”, externou o ‘seu Davi’, durante fala na manifestação da terça. Ele chegou no território com apenas 6 anos, em 1966. Hoje, com 63, luta pelo reconhecimento do Cajueiro e teme que as moradias tenham sido demolidas quando voltar à sua terra. “Queremos nosso direito de permanecer em nossas casas”, afirmou.
O protesto teve fim por volta das 19h. Depois, os membros da comunidade se concentraram em frente à Igreja da Sé e voltaram ao Sindicato dos Bancários, onde devem passar a noite.
Publicado em agenciatambor.net.br