Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho
29/07/2021
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de Brasília, em parceria com a Universidade Livre de Berlim, entrevistou 2.004 pessoas. Foi constatado que 59% dos domicílios brasileiros enfrentam insegurança alimentar, o que representa cerca de 125 milhões de pessoas.
A alta no preço de alimentos, a crise econômica gerada pela pandemia e o corte de recursos em programas sociais ajudam a explicar o avanço da fome. Sobre o assunto, o Jornal Tambor conversou com a presidenta do Conselho de Segurança Alimentar do Maranhão (CONSEA – MA), Concita da Pindoba, na última terça-feira (27/07).
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA
Em 2014 o Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas, conquista obtida por meio da difusão de políticas públicas contra a insegurança alimentar, destacadamente o Bolsa Família, programa que entre 2001 e 2017 reduziu a extrema pobreza em 25%, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
No entanto, Concita explica que nos últimos quatro anos, o Brasil regrediu e ‘’não só voltou pro Mapa da Fome, mas aumentou excessivamente o número de pessoas que vivem na miséria’’. Ela cita os povos tradicionais e os moradores de rua entre os mais atingidos.
No Maranhão, o CONSEA recomendou que o governo estadual adotasse o PROCAF (Programa de Compra da Agricultura Familiar), iniciativa que foi inserida no projeto Comida na Mesa.
A pandemia, apesar de ter agravado o quadro, não é o único motivo para o crescimento da miséria.
Os cortes no Bolsa Família, a alta no preço dos alimentos e o desmonte, por parte do governo federal, da política de segurança alimentar, também foram citados por Concita.
Em algumas cidades, a cesta básica está em torno de R$600, mais da metade do salário mínimo, que tem o valor de R$1.100.
Além disso, o Brasil possui 14,4 milhões de desempregados e 34 milhões de trabalhadores na informalidade, de acordo com o IBGE.
Mesmo diante desse cenário, o governo federal reduziu a previsão de recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de R$500 milhões em 2020 para R$101 milhões em 2021.
O PAA compra alimentos diretamente de agricultores familiares e distribui para pessoas atendidas pela rede de assistência social dos municípios.
Concita relatou ainda que diversos trabalhadores foram retirados do Cadastro Nacional de Agricultura (CAF), documento que possibilita o acesso de trabalhadores rurais à programas de incentivo a produção.
‘’E há ainda o negacionismo. Negar que a fome existe permite que a fome aumenta cada vez mais’’ acrescentou Concita.
Concita afirmou que cortar recursos de agricultores familiares durante a pandemia ‘’é uma violência’’ e também criticou as restrições impostas à assistência social, ‘’que é muito importante porque é quem identifica quem está passando fome’’.
‘’Parece que todo esse genocídio é normal para quem está sentado na cadeira da presidência da República’’ finalizou.
Veja abaixo, em nosso canal no YouTube, o Jornal Tambor, incluindo a entrevista com a presidente do Conselho de Segurança Alimentar, Concita da Pindoba.
YouTube: https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ
Veja abaixo, na Plataforma Spotify, a entrevista com Concita da Pindoba, no Jornal Tambor.