Da Agência Tambor
01/09/2021
O enfermeiro Claudiney Pereira da Silva foi demitido hoje (01/09/2021) do Instituto Federal de Ciências e Técnico do Maranhão (IFMA). O motivo da demissão foi prática de assédio contra uma aluna. A decisão passou pelo Conselho Superior do Instituto. (CONSUP)
Ainda hoje, antes da reunião do CONSUP que resultou na demissão, houve uma ruidosa manifestação pedindo a punição de Claudiney.
A manifestação ocorreu na sede da Reitoria do IFMA, no bairro do Renascença e foi puxada por alunas e professoras, com apoio do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), do Fórum Maranhense de Mulheres (FMM), entre outras organizações.
O tema na Tambor
Na terça-feira (31/08), o Jornal Tambor conversou sobre o tema com Katiuscia da Costa Pinheiro, professora do IFMA e integrante do Sindicato Nacional de Servidores Federais do Maranhão – Seção Maracanã, e Dhâmarys Aynoã, estudante da agronomia do Instituto.
(VEJA ABAIXO A ENTREVISTA)
Katiuscia considera que as ações educativas contra o assédio desenvolvidas na instituição são importantes, mas não suficientes. Ela cobra uma investigação das denúncias e uma postura mais firme da reitoria.
A professora comenta que muitos processos não seguem em frente porque o instituto não forma uma comissão para avaliar as denúncias.
É o que acontece atualmente com uma professora de biologia do IFMA. Obrigada a continuar convivendo com o assediador, a servidora teve problemas psicológicos. E foi aposentada compulsoriamente por uma Junta Médica do IFMA. Essa professora conseguiu depois na Justiça a anulação da aposentadoria compulsória.
Katiuscia afirma que isso acontece porque ‘’há uma rede de proteção em torno dos homens, já que a maioria dos cargos de gestão do instituto, incluindo a reitoria, são ocupados por eles’’.
Dhâmarys foi vítima de assédio de um professor do IFMA. A estudante declara que quando foi denunciar, se deparou com ‘’um ambiente hostil, machista e uma estrutura de proteção aos assediadores’’.
Ela ressalta que ‘’além de vítima, nós temos que tomar o papel de agentes cobradores’’. E acrescenta que o caso prejudicou tanto a sua vida acadêmica, quanto a sua saúde mental.
De acordo com Katiuscia, ‘’as gestões não podem lidar só com decisões de cunho técnico, é preciso lidar com a perspectiva do cuidado, da humanização’’.
A professora destaca que os documentos pedagógicos do IFMA se comprometem com os direitos humanos, ‘’mas isso exige uma complexidade de gestão que eles não tem’’.
‘’O que me irrita é que eu sei que tem mulheres nessa instituição que poderiam ocupar a reitoria ou ser diretoras melhores, que poderiam ter mais empatia com outras mulheres’’ complementa.
Dhâmarys criou o Instagram @iforassedio para receber e dar visibilidade as denuncias de assédio na instituição. Quando foi vítima, tentaram silenciar a estudante diversas vezes, ‘’mas eu tomei isso como impulso para seguir em frente’’ enfatiza.
Katiuscia classificou os assediadores como ‘’uma desonra para o serviço público’’ e assegurou que ‘’nós não vamos sossegar enquanto assediadores estiverem na instituição’’.
📺 Veja, em nosso canal no YouTube, a edição completa do Jornal Tambor, incluindo a entrevista com Dhâmarys e Katiuscia da Costa Pinheiro. 👇🏾
🎧 Ouça abaixo, pela plataforma Spotify, a entrevista que Dhâmarys e Katiuscia da Costa Pinheiro, concederam ao Jornal Tambor 👇🏾