O Comitê de Cultura do Maranhão presente no município de Codó, levando a 2ª Etapa da Caravana Meu Lugar Fala (Imagem: acervo comitê de cultura) O Comitê de Cultura do Maranhão está em Codó realizando a segunda etapa da Caravana Meu Lugar Fala, uma ação que integra a 9ª Feira Literária do município e a Semana Municipal de Ciência e Tecnologia. Entre os dias 11 e 14 de novembro, o projeto promove formação, diálogo e articulação com mestres, artistas e comunidades tradicionais da região, reforçando a importância do acesso às políticas culturais.
A coordenadora-geral e executiva do Comitê, Nadir Cruz, explica que a caravana nasceu da necessidade de aproximar os fazedores de cultura das políticas públicas. “O objetivo é fazer com que quem trabalha com cultura conheça os editais, os programas e consiga caminhar com autonomia”, afirma, destacando que muitos artistas e mestres nunca haviam acessado editais como PNAB, Paulo Gustavo ou Aldir Blanc.
Durante esta etapa, o Comitê articula ações com quatro municípios da região: Codó, Coroatá, Timbiras e Peritoró. A programação inclui mesas de debate sobre o bumba meu boi, as tradições juninas e os corpos que narram a história cultural da região. “É um encontro rico, porque reunimos quem já faz cultura há décadas, trocando saberes e abrindo horizontes para novos aprendizados”, explica Nadir.
Um dos destaques é a formação técnica voltada para facilitar o acesso aos editais. O Comitê está ensinando desde a criação de portfólios até novas formas de inscrição simplificada, como envio de vídeos pelo celular. Também são realizadas oficinas sobre tecnologias digitais e comunicação estratégica com a participação de especialistas como Cláudia Marreiros e sobre políticas culturais com Nanda Preta.
Além das formações, a caravana realiza o mapeamento de mestres e práticas culturais. Em Codó, por exemplo, a equipe identificou que o ofício de construção de tambores está concentrado em pouquíssimos artesãos. “É urgente resgatar e salvaguardar esses saberes. Precisamos garantir que esse conhecimento chegue às novas gerações”, enfatiza Nadir.
A iniciativa também enfrenta desafios nos municípios visitados. Segundo Nadir, dificuldades logísticas e a falta de documentação adequada por parte de muitas instituições são obstáculos frequentes. Ainda assim, a equipe mantém o compromisso de adaptar a metodologia e seguir com o trabalho. “Quem faz cultura conhece estratégias. O importante é não deixar o conhecimento parar”, comenta.
Outro ponto ressaltado é o fortalecimento da rede de apoio entre instituições, terreiros, escolas e gestores municipais. O Comitê atua em parceria com o Liceu Codoense, a Casa Civil, secretarias municipais e organizações da sociedade civil como o IMAS e o Boi da Floresta. “São esforços coletivos. Cultura não se faz sozinha”, disse Nadir.
A coordenadora destaca ainda o impacto da caravana nos municípios fora do roteiro inicial. “Tem lugar que não está no nosso mapeamento e pede para receber a caravana. Isso mostra a sede de conhecimento e a importância desse trabalho”, afirma. Segundo ela, o Comitê pretende atender essas demandas quando concluir os 22 municípios previstos.
Nadir finaliza reforçando o compromisso do Comitê de ampliar o acesso às políticas públicas culturais. “Não vamos resolver todos os problemas, mas se a gente não começar é pior. Cultura é memória, resistência e futuro — e esse futuro precisa ser construído agora”, conclui.
Confira a entrevista concedida por Nadir Cruz, coordenadora-geral e executiva do Comitê de Cultura do Maranhão, ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.