O SEEB-MA na agência do Bradesco da Magalhães de Almeida, no Centro de São Luís, protestando em junho deste ano. Imagem: rede social “Fechar agência onde não há internet ou estrutura básica não é modernização, é exclusão. É transferir o custo ao bolso do povo”, afirmou o coordenador-geral do Sindicato dos Bancários do Maranhão (SEEB-MA), Rodolfo Cutrim. Mais de 60 unidades bancárias foram fechadas no Maranhão entre 2024 e 2025, só do Bradesco.
Diante deste cenário, o Sindicato participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, para denunciar os impactos sociais e econômicos do fechamento em massa de agências bancárias e da digitalização forçada dos serviços financeiros no país. O encontro aconteceu na terça-feira (14).
A iniciativa é resultado de uma série de mobilizações promovidas pelo sindicato desde o início do ano, com foco na denúncia do avanço da exclusão bancária em estados como o Maranhão, um dos mais afetados pelo encerramento de unidades presenciais.
De acordo com o SEEB-MA, 61 unidades do Bradesco (21 agências e 40 Postos de Atendimento) foram fechadas entre 2024 e 2025 no estado, além de diversas do Itaú e do Santander. Em muitos municípios, essas eram as únicas opções de atendimento presencial, deixando milhares de maranhenses sem acesso local a serviços essenciais.
O advogado Guilherme Zagallo destacou que cerca de 60% da população rural do Maranhão ainda não tem acesso à internet, o que torna a digitalização forçada um mecanismo de exclusão social. Em algumas regiões, famílias precisam viajar quilômetros e gastar até 20% da renda mensal apenas para sacar benefícios sociais, o que leva ao empobrecimento local, fechamento de comércios e falta de crédito.
Mesmo com lucros bilionários acima de R$ 100 bilhões por ano, os grandes bancos seguem encerrando operações e demitindo trabalhadores, em uma política que o SEEB-MA classifica como corte de custos à custa da população mais vulnerável.
O sindicato chegou a obter decisão favorável na Justiça, com apoio do PROCON-MA, para a reabertura de agências fechadas, mas a medida foi revertida em segunda instância, o que reforçou a necessidade de uma ação legislativa nacional para garantir o direito ao acesso bancário.
“A audiência foi um marco na luta contra o desmonte bancário. Seguiremos mobilizados pela defesa dos empregos da categoria e contra a exclusão financeira do povo maranhense e brasileiro”, concluiu Cutrim.
Como encaminhamento, o SEEB-MA informou que, em parceria com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), elaborou um projeto de lei federal que será apresentado no Senado, propondo proibir fechamentos arbitrários e assegurar o atendimento bancário digno em todas as regiões do país.