
A comunidade acadêmica do curso de Música da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) continua à espera de providências concretas da administração superior da instituição. Um mês após denunciar a situação de “degradação e humilhação institucional”, professores e estudantes relatam que apenas medidas paliativas foram apresentadas, sem perspectiva de solução definitiva para os problemas históricos.
Criado em 2007, de acordo com a classe, o curso nunca contou com um plano de gestão estruturado. A falta de salas adequadas, equipamentos, laboratórios e até computadores compromete o funcionamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Para o professor Daniel Lemos, a situação reflete “anos de omissão com as artes e a cultura dentro da universidade”.
Em entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, Lemos explicou que houve uma reunião com a Pró-Reitoria de Ensino, no dia 6 de agosto, mas não diretamente com a reitoria. “Mostramos dados do curso, apresentamos a evolução do quadro docente, a redução no número de estudantes e a precariedade dos espaços físicos. Houve promessa de reformas emergenciais, mas seguimos sem perspectivas de longo prazo”, afirmou.
O professor destacou que a medida imediata seria a divisão de uma das salas de música em três ambientes, para ampliar a oferta de aulas. “É uma obra simples, levantar paredes e abrir portas. Disseram que começariam no dia seguinte, mas ainda aguardamos a conclusão. Se não houver entrega até o início do semestre, não temos como começar as aulas”, alertou.
Entre as dificuldades, o curso perdeu o prédio próprio de artes, devolvido em meio à pandemia, e desde então improvisa atividades em salas emprestadas de outros departamentos. “Chegamos a dar aula em ateliês de desenho e gravura, adaptando disciplinas de música em espaços inadequados. É uma situação de descaso”, denunciou Lemos.
Além da falta de estrutura, os problemas se estendem ao cotidiano. Segundo o professor, parte das salas está localizada em um bloco marcado por insegurança e uso de drogas. “Muitas vezes precisamos pedir licença a pessoas para entrar na sala de aula. É desrespeitoso e desmotivador para toda a comunidade”, lamentou.
O curso também enfrenta carência de equipamentos básicos. “Estamos sem computadores. A universidade disse que não tem máquinas, e eu tive que comprar dois do meu bolso para manter as aulas. Não é razoável que um curso funcione assim em 2025”, disse.
A denúncia feita em agosto já havia sido repercutida pelo Dedo de Prosa, que acompanha a mobilização de professores e estudantes por melhorias. À época, a comunidade acadêmica cobrava diálogo com a administração e garantia de investimentos. Agora, com a situação praticamente inalterada, o sentimento é de frustração.
Apesar das dificuldades, o curso segue ativo, formando músicos e realizando apresentações culturais. “Eu gostaria de estar aqui falando dos nossos projetos e conquistas, mas estamos sempre apagando incêndio. É desanimador, mas seguimos lutando para que a sociedade reconheça a importância da música e da cultura”, concluiu o professor.