
“O Brasil enfrenta uma abjeta e descarada agressão imperialista dos EUA à sua soberania.” Essa é a mensagem que o 6º Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) deixa como alerta logo no início da Carta de Salvador, aprovada na plenária final.
O encontro que encerrou na semana passada, em Salvador, reuniu delegações de todo o país para discutir a conjuntura política, os ataques à democracia e os desafios do movimento sindical diante do avanço do neoliberalismo.
Entre os destaques do evento, a Carta de Salvador reafirmou a necessidade de resistir a pressões externas, como as políticas tarifárias norte-americanas, e de defender o Estado Democrático de Direito.
O Maranhão esteve representado por uma comitiva de 22 delegados, que incluiu dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e Municipais (Sinproesemma) e de outros sindicatos filiados.
Para Raimundo Oliveira, presidente do Sinproesemma, a CTB é um instrumento fundamental na articulação nacional da luta sindical. “A central nos dá amparo e reforço não só no Maranhão, mas em todo o país, para garantir políticas públicas, direitos e condições dignas de trabalho”, afirmou.
A diretora do sindicato e dirigente do Sinproesemma, Regina Galeno, destacou o caráter plural e inclusivo da central, que na nova gestão tem composição paritária de gênero e apresenta 43% de mulheres na direção executiva. “Participar de uma confederação de trabalhadores fortalece a luta classista e a defesa da unidade sindical, que inclui pautas de gênero, raça e diversidade sexual, enfrentando as mazelas do capitalismo e do neoliberalismo”, ressaltou.
A dupla esteve no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, para falar sore o evento e as expectativas políticas ainda deste ano.
Veja a entrevista na íntegra no final desta matéria.
Além da soberania nacional, o congresso debateu pautas urgentes para 2025, como a revisão da escala de trabalho 6×1, a valorização da educação pública e da saúde e a regulamentação das Big Techs. Para Galeno, a tecnologia deve servir à classe trabalhadora, e não precarizar o trabalho docente. “Não somos contra a inteligência artificial, mas contra seu uso para escravizar professores e privatizar a educação pública”, afirmou.
A delegação maranhense também participou do chamado Fórum de Resgate da CTB Maranhão, criado após o descredenciamento da antiga direção estadual por descumprimento do estatuto nacional. “Não podemos aceitar uma central dirigida por quem se coloca contra seus próprios sindicatos filiados. Estamos reconstruindo a CTB-MA de forma democrática e legítima”, disse Oliveira.
O evento reforçou a articulação da CTB com movimentos sociais e partidos comprometidos com a democracia. Para os dirigentes maranhenses, a luta sindical é indissociável da luta política. “Precisamos eleger representantes da classe trabalhadora no Congresso. Hoje, as bancadas são dominadas por interesses da elite e não defendem políticas públicas essenciais como educação, saúde e valorização do servidor público”, alertou Oliveira.
Régna Galeno acrescentou que a unidade da classe trabalhadora é condição para enfrentar a extrema direita e proteger a Constituição de 1988. “Só com unidade sindical e popular conseguiremos derrotar as forças antidemocráticas e avançar na defesa de direitos”, disse.
Ao final, os representantes reafirmaram que a luta por democracia, soberania e direitos trabalhistas exige mobilização constante. “A casa é dos brasileiros, a bandeira é verde e amarela, e não podemos aceitar interferência estrangeira nas nossas decisões”, concluiu Oliveira.
Acompanhe entrevista completa com os dirigentes no programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.