
Foi lançada, no último 7 de agosto, a Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias do Maranhão, uma ação que pretende transformar a realidade de milhares de pessoas que ainda não tiveram acesso à leitura e à escrita. O projeto é resultado da parceria entre o Mãos Solidárias, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Ministério da Educação, com apoio de movimentos sociais do campo e da cidade, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A iniciativa terá 150 turmas no estado — 100 em São Luís e 50 em Imperatriz — e visa alfabetizar 2.620 pessoas, especialmente moradores de periferias urbanas. “A leitura e a escrita são portas de entrada para muitos direitos. Queremos que as pessoas se organizem para lutar por eles”, explica Heitor Sales, militante do Mãos Solidárias e integrante do Levante Popular da Juventude.
Heitor participou do programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor, falando sobre a iniciativa.
Confira a entrevista na íntegra ao final desta matéria.
O projeto nasce com foco em enfrentar um problema ainda grave no Maranhão: o analfabetismo, que atinge 6,9% da população de São Luís e índices ainda maiores em Imperatriz. Segundo Heitor, a alfabetização será associada à mobilização popular: “Não é só ensinar a ler e escrever, é criar consciência crítica e fortalecer a luta coletiva”.
Além do MST, a jornada reúne organizações como o Movimento Brasil Popular, a União por Moradia Popular e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração. A articulação também envolve experiências anteriores, como o uso da metodologia cubana Sim, Eu Posso, que já alfabetizou mais de 22 mil pessoas no interior do estado.
Entre as inspirações do projeto, está o legado de Maria Aragão, médica e militante maranhense. “Ela mostrou que a mobilização nos territórios é fundamental. A alfabetização é um instrumento de emancipação, mas também de fortalecimento comunitário”, destaca Heitor. O projeto também dialoga com a pedagogia de Paulo Freire, que propõe círculos de arte e cultura como forma de ampliar o aprendizado e a consciência social.
Para Heitor, a educação popular também é uma ferramenta contra os ataques à democracia e ao diálogo. “Vivemos um tempo em que as redes sociais criam bolhas e dificultam a conversa. Nosso trabalho é construir pontes, ouvir as pessoas e entender suas necessidades concretas”, afirma.
O Mãos Solidárias convida a população a apoiar o projeto, seja por meio de doações de materiais, seja participando das atividades. “Às vezes precisamos de um data show, de uma TV, e nem sempre conseguimos. Quem quiser se somar pode nos procurar pelo Instagram @maossolidariasmaranhao e entrar em contato”, orienta.
Além da alfabetização, a organização desenvolve ações em áreas como saúde, economia popular, cultura e alimentação, incluindo cozinhas e jantares solidários em territórios vulneráveis. “A solidariedade é transformadora para quem recebe e para quem doa. A gente se realiza ajudando o outro”, conclui Heitor.
Veja a entrevista completa com Heitor Sales exibida no programa Dedo de Prosa.