
Pela primeira vez, São Luís recebe uma exposição individual do artista visual Thiago Martins de Melo, natural da capital maranhense e reconhecido internacionalmente por uma obra intensa, política e espiritual. Intitulada Cosmogonia Colérica, a mostra será inaugurada no próximo dia 12 de agosto e estará aberta ao público até 10 de outubro, dividida entre o Convento das Mercês e o espaço Chão SLZ, ambos localizados no Centro Histórico da cidade.
Com curadoria de Germano Dushá, a exposição apresenta 21 obras que atravessam diferentes linguagens – como pintura, escultura, instalação e vídeo – produzidas ao longo de mais de vinte anos de carreira. Segundo Dushá, o nome da mostra remete a uma gênese furiosa: “É uma explosão de vida, de energia, de vitalidade. A obra do Thiago cruza espiritualidade e política, e fala de ontem, de hoje e de amanhã, tudo ao mesmo tempo”, explicou durante entrevista ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.
Além da mostra, o projeto contempla um conjunto de oficinas formativas e atividades educativas. Uma delas, com foco em curadoria, será ministrada por Germano no dia 7 de agosto. No dia seguinte, o próprio Thiago Martins de Melo, em parceria com o professor Frederico Silva, da UFMA, realizará uma oficina sobre pintura. Ambas são gratuitas, com inscrições abertas ao público no perfil do Chão SLZ no Instagram.
A programação também inclui visitas guiadas para escolas, ações de mediação cultural e um projeto educativo coordenado pelo Chão. “A gente acredita que a exposição precisa reverberar, semear outras iniciativas, estimular a formação de público, de profissionais, de artistas. Não se trata só de mostrar obras, mas de criar uma ecologia cultural”, pontuou Dushá.
As obras escolhidas para a exposição revelam um panorama potente da produção do artista, com pinturas de grandes dimensões, esculturas imersivas e vídeos experimentais. De acordo com o curador, Thiago propõe narrativas não-lineares, nas quais personagens de diferentes tempos históricos convivem em tramas complexas. “Cada obra é um portal. A margem é tão importante quanto o centro. É uma arte que mistura religiosidade, luta social, cosmogonias afro-ameríndias e crítica política, tudo isso com uma força visual muito própria”.
Apesar do reconhecimento no Brasil e no exterior, o artista segue sendo pouco conhecido em sua cidade natal – lacuna que a exposição busca reparar. “É simbólico trazer essa obra para o lugar de onde ela brota. A luz, os temas, a espiritualidade, tudo carrega o sotaque do Maranhão. Quem visitar a mostra vai reconhecer o universo no Maranhão e o Maranhão no universo”, afirmou Germano.
Cosmogonia Colérica é uma realização da Brasilier com apoio do Will Bank, via Lei de Incentivo à Cultura. O projeto marca a primeira iniciativa do patrocinador com foco no Nordeste. A abertura acontece no dia 12 de agosto, a partir das 19h, e a entrada é gratuita.
Confira a entrevista de Germano Dushá, ao programa Dedo de Prosa, da Agência Tambor.