
Por Paulo Vinícius Coelho*
O Dia Nacional do Choro foi instituído em homenagem a Pixinguinha, o não-aniversariante do dia 23 de abril. Em 2016, o pianista e pesquisador Alexandre Dias teve acesso a documentos que revelaram que o mestre do choro, na verdade, teria nascido no dia 4 de maio. Mas aí já era tarde: a lei havia sido instituída no ano 2000. Vale, então, parafrasear o clichê utilizado nas redes sociais em datas comemorativas: todo dia é dia de celebrar Pixinguinha. Aliás, acredito que a mais bela homenagem ao flautista tenha sido realizada por Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro, autores de Som de Prata, samba cujo refrão proclama: Só quem morre dentro de uma igreja/ Virá orixá, louvado seja Senhor/ Meu santo Pixinguinha.

No Maranhão, especialmente em São Luís, temos motivos de sobra para nos orgulhar dos nossos instrumentistas, cantores e compositores. A Ilha tem uma tradição brilhante no gênero, devidamente registrada no livro Chorografia do Maranhão, dos admiráveis colegas Ricarte Almeida Santos, Rivânio Almeida Santos e Zema Ribeiro. O leitor encontra na obra 54 entrevistas capazes de traçar um ótimo panorama sobre a produção do estilo musical no nosso estado. É leitura obrigatória, eu diria.
São imprescindíveis, também, duas atividades realizadas hoje em São Luís. No Teatro João do Vale, a Mostra Quatro70 reúne Joãozinho Ribeiro, Chico Saldanha, Josias Sobrinho e Sérgio Habibe em um show histórico. Os ingressos podem ser retirados a partir das 15h na bilheteria do espaço. A apresentação está prevista para as 20h – e aí está a complicação. No Bar do Léo, uma roda de choro está marcada para o mesmo horário. Se eu estou preocupado com a coincidência, imagine o flautista João Neto, escalado para os dois momentos. Essa eu quero ver.
É verdade que são muitas as razões para celebrar este Dia do Choro, dia também de São Jorge. Contudo, o esplendor dos nossos músicos e da nossa arte contrasta com a tacanhice dos nossos representantes. Hoje, com ainda mais ênfase, é preciso reconhecer o estado de abandono da Estação do Choro, equipamento cultural localizado na Praça Antônio Vieira, no Monte Castelo, construído com a finalidade de auxiliar na preservação da nossa memória e na promoção do choro maranhense. A propósito, o reconhecimento do choro como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil prevê que as instituições se atentem para a importância da salvaguarda desse gênero musical originalmente brasileiro. E o governo maranhense, o que tem feito nesse sentido?
Que Santo Pixinguinha nos ajude e ilumine.
*Por Paulo Vinícius Coelho é jornalista
Reprodução Blog Sociedade do Copo