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O que significa a violência contra o Arquivo Público Estadual do Maranhão?

Prédio que abriga o Arquivo Público Estadual do Maranhão

“O assunto também é de interesse nacional e internacional”, conforme ressaltou a Associação Nacional de História (ANPUH-MA) em documento divulgado no último dia 18 de janeiro.

(Veja o documento lançado pela ANPUH-MA ao final deste texto).

Trata-se de uma situação de inaceitável violência, fruto de um descaso evidente. Basta ver as imagens do local. É um ataque à ciência, ao conhecimento, à cultura, à história, à educação, à memória social, à pesquisa.

Prédio do Arquivo Público tem inúmeras
rachaduras

O fato é que o prédio do Arquivo Público Estadual do Maranhão pode desabar. O imóvel está localizado no Centro Histórico de São Luís, na Rua de Nazaré, nº 218, em uma área tombada e titulada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

A situação do prédio do Arquivo Público é apenas uma entre inúmeras outras construções hoje ameaçadas de desabamento no Centro de São Luís. Em matéria publicada há pouco mais de dois anos pela Agência Brasil, foi informado que 261 imóveis na região corriam risco de desabar. Alguns já desabaram.

No caso do Arquivo Público, o abandono do imóvel por parte do poder público estadual pode gerar graves prejuízos sociais, incluindo danos a um acervo de valor incalculável.

Quem se preocupa?

O Arquivo Público guarda o maior acervo documental do Maranhão, com origem em 1728.

Ele é constituído por aproximadamente 2 km de documentos textuais, entre manuscritos, datilografados e impressos, abrangendo os períodos colonial, imperial e republicano.

O Arquivo também possui uma biblioteca, estimada em seis mil volumes, além de uma hemeroteca e uma mapoteca.

Além disso, a instituição abriga o acervo da Cúria Metropolitana de São Luís, o acervo do DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) e o acervo do escritor João Mohana, que inclui uma valiosa coleção de partituras.

O problema do Arquivo Público Estadual do Maranhão já está, inclusive, na Justiça Federal, por meio de uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal.

A Agência Tambor tratou do assunto em seu jornal diário, no último dia 21 de janeiro. Foram entrevistados Conceição Rios, Manoel Martins e Silvan Mendes.

Arquivo é mais um imóvel no Centro Histórico ameaçado de desabamento

Conceição é funcionária do Arquivo; Silvan é professor, historiador e representante da ANPUH-MA; e Manoel é doutor em História e professor da Universidade Federal do Maranhão.

(Veja, ao final deste texto, o Jornal Tambor com a íntegra da entrevista de Manoel, Conceição e Silvan).

E o museu da fake news?

A violência contra o Arquivo Público Estadual revela que a estrutura oligárquica do Maranhão não tem interesse em uma história bem contada, a partir de fontes confiáveis, em um espaço de verdadeira memória social.

Essa estrutura oligárquica é promotora de inúmeras violências contra a vida do povo maranhense, inclusive sua cultura. Trata-se de uma história que a oligarquia quer apagar, fraudar, mutilar.

O espaço de memória que interessa à oligarquia maranhense é o museu fake instalado no Convento das Mercês, com as inúmeras fraudes idealizadas por José Sarney – o mesmo Sarney da grilagem de terras, promotor da miséria, vassalo da ditadura, instituidor do Centrão, aliado explícito de Carlos Alberto Brilhante Ustra, patriarca dos marafolias e seus afins.

O museu da fake news segue preservado no Maranhão, enquanto o Arquivo Público Estadual ameaça desabar.

O que diz o Governo do Estado

A Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma) esclarece que está tomando medidas para solucionar o problema no prédio que abriga o Arquivo Público do Estado do Maranhão (Apem). O projeto de reforço estrutural foi elaborado e submetido ao IPHAN, estando em fase final de análise. Após aprovação, as intervenções serão iniciadas com urgência para estabilizar a estrutura e preservar o patrimônio histórico.

Durante as obras, o acervo será transferido temporariamente redirecionado ao anexo do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia (Iema) do Centro, garantindo a preservação do edifício e a continuidade dos serviços à sociedade.

A Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid) informa que o imóvel da Rua Santo Antônio, 161 (Cacem), integra o rol de projetos de reformas do Novo PAC Cidades Históricas. A ação, em parceria com o governo federal, tem previsão de investimentos da ordem de R$ 37,7 mi, no Centro Histórico de São Luís. Atualmente, os projetos estão em fase de análise e certificação dos órgãos competentes. Além da reforma do antigo prédio do Cacem, outros quatro casarões e três igrejas serão contemplados brevemente com a iniciativa.

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Conceição Rios

O espaço que foi escolhido pelo governo para abrigar os aacervos e servidores do Arquivo Público se trata de uma construção “steel frame”, os populares “containers” e que observamos os seguintes riscos: toda a parte do forro é em PVC, material de fácil combustão; o local onde os containers estão é embaixo do muro que circula a antiga escola Maristas, cercado de mato, onde provavelmente a umidade é grande, principalmente no período do inverno; divisão do espaço com alunos para um container ao lado diminuindo o espaço para comportar o nosso acervo; o local não passou por vistoria do Corpo de Bombeiros que possa atestar se pode ou nao receber os Acervos garantindo a sua integridade fisica. Fatores determinantes para contribuir com a deterioração dos Acervos


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