“O desmatamento e o assoreamento de rios desempenham um papel significativo nas inundações em São Luís.”
A afirmação é da arquiteta e urbanista maranhense Camila Estevam da Silva, que atualmente cursa pós-graduação no Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo.
Segundo Camila, “a remoção da vegetação natural reduz a capacidade do solo de absorver água, resultando em um escoamento superficial mais intenso durante chuvas fortes.”
A urbanista explica que o desmatamento e o assoreamento “contribuem para o transbordamento dos rios, uma vez que diminuem sua profundidade, comprometendo a capacidade natural de acomodar grandes volumes de água.”
Sobre o mesmo tema, a Agência Tambor também ouviu Frederico Burnett, arquiteto, urbanista, professor da UEMA e autor de vários livros.
Frederico Burnett afirma que o problema das inundações está relacionado à “urbanização descontrolada”, destacando o crescimento populacional acelerado em São José de Ribamar e Paço do Lumiar, marcado pela construção desenfreada de condomínios.
O professor critica a ausência de uma “política metropolitana” em São Luís.
Vivemos uma situação onde os quatro municípios da ilha estão atualmente à mercê da exploração do grande capital privado, especialmente no setor da construção civil. É uma situação que ocorre com a cumplicidade do poder público em suas diferentes esferas.
Ainda sobre os alagamentos, Frederico explica que “a urbanização impermeabiliza o solo, e toda a água antes absorvida se acumula nas vias públicas sem drenagem, escoando para os cursos d’água devido à topografia que caracteriza as bacias hidrográficas.”
Ele acrescenta que essa situação, por si só, já seria suficiente para causar grandes problemas em São Luís, mesmo na ausência do grave assoreamento e do desmatamento criminoso.