Uma matéria publicada em um veículo de comunicação do grupo Sarney, no dia 30 de julho, revela objetivos e preocupações do governador Carlos Brandão.
O texto é altamente crítico ao grupo do ex-governador Flávio Dino, atualmente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A aliança Brandão-Sarney afirma que o vice-governador, Felipe Camarão (PT), será demitido do cargo de Secretário Estadual da Educação (Seduc), sugerindo que a situação “pode, em 2026, deixar Felipe sem chances de assumir o comando do Estado”.
O discurso apresentado responsabiliza Camarão pela eventual demissão, alegando que “foram muitos os erros” do vice-governador.
O texto enfatiza um “acirramento de ânimos” entre Brandão e o grupo mais ligado a Flávio Dino, assegurando que atualmente “o rompimento já ocorreu”.
A matéria ataca os antigos aliados de Flávio Dino, chamando-os de “herdeiros órfãos” devido à ida do ex-governador para o STF.
A matéria fomenta intrigas, que já vêm sendo diariamente promovidas na TV dos Sarney.
Questões municipais também foram abordadas, com parlamentares ligados a Flávio Dino sendo desqualificados e até ridicularizados.
A única preocupação explícita na mensagem é que Carlos Brandão não seja visto como traidor, enfatizando sempre que “os herdeiros dinistas resolveram ir para o enfrentamento”.
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De Colinas para o mundo
É fato que Flávio Dino viabilizou a eleição de Carlos Brandão em 2022. Hoje ministro do STF, ele comandou todo o processo político que colocou Brandão na cadeira de governador, no Palácio dos Leões.
Em 2018, quando disputou sua reeleição para o governo do Maranhão, Flávio Dino poderia ter trocado de vice. Houve pedidos nesse sentido, mas Dino preferiu manter Brandão como vice, inserindo o político de Colinas no jogo sucessório de 2022.
Depois, Flávio Dino isolou o senador Weverton Rocha (PDT). O parlamentar pedetista, aliado do projeto dinista desde 2012, tentava se viabilizar como candidato ao governo dentro do grupo.
Weverton tinha a simpatia e acesso direto a Lula, apoio de muitos petistas e de vários partidos e políticos de peso da conservadora política do Maranhão.
Dino, no entanto, não quis Weverton. Ele viabilizou um partido do campo da esquerda para o latifundiário Carlos Brandão (o PSB) e fez dele o candidato de Lula ao governo do estado.
Insegurança de Brandão
Em 2023, Roseana Sarney disse que Marcus Brandão “tem liderança de sobra”. Segundo ela, “nós confiamos e entregamos o MDB para o Marcus Brandão”.
Não existe liderança nenhuma. O negócio, os interesses, passam por outros fatores.
A prática política do atual governador do Maranhão gira em torno de sua família. É o típico padrão oligárquico do Maranhão, visto ao longo de décadas.
A filha de Sarney entregou a presidência do MDB no Maranhão para o irmão de Carlos Brandão, o governador da ocasião.
Desde 2023, Carlos Brandão se rearticula para a eleição de 2026, quando precisará se eleger senador da república.
Buscando ampliar sua força em Brasília, a família Brandão fez um acordo com a família de José Sarney, ambas produto da mesma estrutura oligárquica.
Brandão não tem segurança em relação a 2026. Com Felipe Camarão (PT) sentado na cadeira de governador, sua eleição para o Senado torna-se uma incerteza. É aí que entra em Brasília a turma do MDB.
Enfim, o presidente Lula, Flávio Dino e o entulho oligárquico do Maranhão têm várias pontes. E muita água vai passar por baixo delas, antes e depois de 2026.